Chove muito em Montgomery nos primeiros meses do ano, ao contrário do que sempre se imagina. Mas a chuva dessa noite parecia querer contribuir em esconder o que se fazia.
Na Rua Balley uma mulher andava rápido, cabeça baixa pra se proteger da chuva, em plena meia-noite. Mesmo os raios não conseguiam decifrá-la.
Levava algo nas mãos, por baixo da capa. Parou em frente ao orfanato San Francisco. O raio mais forte clareou a rua e foi possível perceber a criança que ela levava envolta num pano branco.
Uma jovem noviça abriu o portão logo depois da mulher dar a primeira e desesperada batida no portão de madeira. Não seria correto receber aquela criança assim, do nada, sem nenhuma informação da mãe. Mas foi logo a noviça receber em seu colo o pequeno e choroso bebê, a mulher correu desesperada, sem olhar pra trás.
Era um menino. Já com uma pequena mecha loira e olhos azuis profundos. Estava limpo e aparentemente alimentado e desmamado. O choro parecia antecipar a solidão que o acompanharia...
Passos fortes e apressados levaram a noviça à sala da Madre Superiora, ainda acordada em meio às suas rezas. Perceberam que, debaixo do pequeno macacão, havia algo amarrado a seu pescoço: uma chave.
E um pequeno bilhete azul, preso ao pequeno laço da chave:
KURT ALLAN MUSTAINE
13/01/2008
E um mistério.
- O que será essa chave, Madre? O que será que ela abre?
- Não sei, irmã Marcella. E que Nossa Senhora não nos deixe saber. O amor que deve ser dado a essa criança deve transpor seja lá qual for o segredo dessa chave, que com certeza não nos pertence. E que Deus ilumine os caminhos desse Seu filho pra guiá-lo no que tiver que encontrar...
- E que Deus te abençoe, Kurt. Agora vamos parar de choro e tomar um bom banho?
- E que Deus te abençoe, Kurt. Agora vamos parar de choro e tomar um bom banho?
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