- Você vai ficar bem, né Corey? - Disse Kurt; não sabia se veria o amigo de novo.
- A gente se vê, galera. Não se preocupem. Procuro vocês.
Thunder estava mais calado do que de costume. Estava se concentrando na situação que enfrentaria. Cícero tentou fazer caras e bocas pra que o "gerador de risadas" do trio se concentrasse e pudessem todos sair logo dali.
Chegaram em San Rafael, cidade onde morava o pequeno Steve, no fim da manhã. Thunder ficou abismado com a grande propriedade. Regina nunca informara a ele que sua mãe era rica.
- O que vocês estão fazendo aqui?
- Cadê meu filho, velha maldita?
- THUNDER! PUTA QUE PARIU!
Thunder não parecia ouvir o que Kurt dizia. Seus olhos estavam cegos de ódio. E não eram os únicos...
- Saia da minha casa, seu delinquente! Não tem nada pra você aqui.
- Cadê o Steve?
- Thunder, senhora McLohan, por favor! Vamos discutir isso com calma! Um acordo entre os dois...
- Saiam da minha casa AGORA!
- CADÊ O MEU FILHO STEVE?
Kurt não era ouvido, mas em meio aos gritos uma voz infantil ressoou tímida e curiosa.
- Pai?
Era Steve. Levava nas mãos um carrinho e no olhar a determinação do pai.
- Steve! Pra dentro! Agora!
Thunder caiu ao chão quando o viu. Uma lágrima escorreu em meio às rugas. Da última vez que o vira, não tinha nem um mês de nascido.
- Meu filho... Meu filho...
- PRA DENTRO, STEVE! ESTA CRIATURA BIZARRA NÃO É O SEU PAI! SEU PAI ESTÁ MORTO, COMO SEMPRE LHE DISSE! AGORA JÁ PRA DENTRO E NÃO DÊ ATENÇÃO À ESTE LOUCO!
O garoto não sabia o que fazer. Sempre precisou de um pai, de um amigo... Thunder estava catatônico no chão da porta da casa, contemplando-o. Kurt viu, de certa forma, seu passado nos olhos do pequeno Steve. Uma criança nunca deveria crescer sem os pais. E desta vez o preconceito da avó estava separando uma família.
- Ei garoto! Teu pai, esse cara grandão e desajeitado aqui, te ama, tá? - disse Kurt, apontando para Thunder no chão, numa tentativa desesperada em ajudar o amigo -. Desde que você ainda tava na barriga da sua mãe. E eu vi você nascendo, guri. Sua mãe te amava muito.
- Você conheceu a minha mãe, moço?
- JÁ CHEGA! STEVE, DE CASTIGO POR UM MÊS POR FALAR COM ESTRANHOS! SUBA AGORA! E VOCÊS, SAIAM DA MINHA CASA AGORA! TODOS! OU EU CHAMO A POLÍCIA E FAÇO VOLTAREM PRO LUGAR DE ONDE VIERAM!
O garoto subiu desesperado, enquanto seu pai se levantava do chão com um terrível olhar de ódio.
- Steve é meu filho! Você não tem esse direito, sua velha do inferno! Vou lutar pelo meu filho!
- Veremos se o juiz dará a guarda de uma criança bem criada POR MIM a um assassino como você.
Thunder estava fora de si. Não soltava a raiva, como o Kurt: guardava e atirava em quem o fizera mal. E isso era muito perigoso...
Thunder disse que queria passar mais um tempo na cidade pra conversar com as autoridades locais. Kurt, obviamente, não acreditava, mas tinha que ir ao Brasil com Cícero.
- Então a gente se vê por ai, Miss Alabama?
- Você vai pro Brasil ver eu e o Nego Preto, né?
- Deixa eu resolver minha coisas que eu vou. E prometo que vai ser com o Steve do lado.
- Juízo, cara!
- E não vai deixar ninguém comer a tua bunda não, camarão! Ela é pra mim!
- PORRA, THUNDER!
- É isso ai mesmo!
Kurt iria sentir saudades dos conselhos do seu amigo de infância Corey e do maluco bi Thunder. Logo iria revê-los. Mas por enquanto, sentado naquela poltrona confortável do avião, só pensava em deitar numa cama que não fosse uma beliche...
O seu sonho de liberdade estava no Brasil. E ele iria dever a bunda ao Jamaica de novo.
- Tá, cara. Vocês tá vindo lá pras nossas áreas... Vai conhecer o pessoal... E tem que saber logo como é o esquemas, rapá!
- Fale ai, Cícero! Qual é a boa?
- Primeira coisa: beijar o meu lindo e higiênico pézinho. Você não sabe como isso abre portas...
- Cícero.
- Oi?
- Tem alguma sujeira aqui? Olha!
- Rapaz... Olha... A gente vai ajudar o camarãozinho e ele vem com grosseria... Nam! Ninguém respeita mais ninguém... Égua... Pois vá beijar o pé preto do Negão, vá!
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