Fraco

Estava acabado. Não sabia como tinha sobrevivido àquilo tudo. Kurt acordou com o rosto de Caty lhe sorrindo, enquanto cuidava de suas feridas. Seu corpo todo doía. Afinal, não era todo dia que um andar inteiro de um prédio lhe caía sobre a cabeça. Era forte, mas... Toda aquela madeira... Todo aquele medo!

A pousada era antiga e abandonada. Pelo que ouviu, haviam espíritos lá dentro controlando toda a onda de loucura na cidade, fazendo todo tipo de atrocidade. Segundo boatos, havia uma clínica de aborto no local e isso não ajudava muito...


Todos os membros do grupos acabaram se envolvendo e indo pra tentar resolver o problema, mesmo mal se conhecendo. Acabou-se descobrindo de uma menina, protegida de um deles, possuía a "essência" do caminho de magia Trevas - algo que ía além do que Kurt poderia entender, por enquanto.

Mas várias coisas o impactaram naquela missão. Incrivelmente podia ver espíritos, tão medonhos eles eram. Aqueles fetos mutilados, grávidas indefesas, espíritos revoltados,... Sabia que esse era o MUNDO REAL, mas ainda precisaria se acostumar à ideia de que estupro é o menor dos males dessa realidade.


- Está melhor, meu amor?
- Tô sim. Tô sim...
- Aconteceu alguma coisa, Kurt?
- Não é que... - Era tudo muito confuso em sua mente.
- Que? - Perguntou Caterine, procurando os seus olhos e a resposta.
- O senhor Olívio lhe mandou em missão? - Vendo que ela também estava recuperando-se de lesões no rosto e nas mãos.
- Não exatamente. Tivemos que fazer a proteção mística do Órbita. Tentaram invadir o Elísio.
- TENTARAM? E O QUE ACONTECEU? TODO MUNDO ESTÁ... AAAHHH! - Só conseguia gritar quando tentou levantar-se e se debateu com suas costelas fraturadas.
- NÃO SE MEXA, KURT! NÃO ESTÁ VENDO AS FAIXAS? VOCÊ TEM QUE FICAR AQUI!
- Como você tá? tá ferida?
- Kurt, meu amor. Eu sei me cuidar sozinha! Calma!
- Mas não deveria. Era pra EU estar cuidando de você, protegendo você, e não o contrário.
Caterine parou por um segundo de umedecer as feridas dele.
- Kurt, por acaso o Olívio veio falar com você?
- Sim, mas... Alguns assuntos burocráticos, sabe...
- Sei... Vou ali trocar os panos.
Caterine se levantou a passos curtos, aparentemente pensativos. Kurt também pensava, mas de forma mais ágil e prática.
- CATERINE!
Ela virou-se de repente, já na porta ao sair.
- Tome meu sangue.
- Como?
- Cansei de ser fraco. Vou ser seu carniçal agora.
- Kurt, você não sabe o que é isso... É um passo muito difícil de se voltar atrás...
- Eu sei exatamente o que tô fazendo, Caty. E é porque não quero perder você ou ficar no meio do caminho que quero te sentir: com o máximo que eu puder.
Caterine o fitou com uma mistura de felicidade e desejo. Poderiam, agora, ser um casal de verdade. Mais próximos do que nunca.

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